Punk, o cachorro que voltou no Natal como se já soubesse onde era o seu lar

Foto: arquivo pessoal
Era 23 de dezembro de 2017, quase meio-dia, quando essa história começou. O sol estava forte na praia de Penha (SC) e, na beira da areia, dois vira-latas caminhavam de guarda-sol em guarda-sol, famintos e com a língua de fora. “Corri até nossa casa e trouxe água e comida”, lembra Fernanda Wagner, de Jaraguá do Sul, que ava alguns dias no litoral. Um dos cães seguiu seu caminho. O outro ficou. E ali nasceu a conexão com Punk.
Ele era apenas um filhote, perdido, cheio de feridas e ainda assim, confiante o bastante para se aproximar de qualquer pessoa com comida. Tentava encontrar afeto e recebia, muitas vezes, apenas empurrões. Refugiou-se embaixo do sombreiro em frente à casa da família, observando em silêncio enquanto eles o observavam da varanda.
Foi o cunhado de Fernanda quem deu o primeiro o: deu-lhe um banho, revelando um corpo cheio de pulgas e sinais claros de maus-tratos. Levaram-no para o jardim e surgiu a pergunta inevitável: “Vamos mesmo deixá-lo voltar para a rua?”

E quando o ex-marido chegou e viu o cãozinho, sorriu. “Sempre quis ter um cachorro assim! A Bossa teria uma ótima companhia.” A Bossa, que ele se referiu, era a cadela mais velha da casa. E o Punk, aparentemente, seria o novo integrante. O nome foi escolhido, fotos foram tiradas, e as redes sociais celebraram a chegada do novo membro da família.
Feliz, Fernanda foi com a irmã comprar ração, vermífugo, coleira e caminha. “Já nos sentíamos uma família.” Saíram para ear com ele e com a Bossa — foi aí que a história virou de cabeça para baixo.
Um homem se aproximou e disse: “Esse cachorro é meu”. Disseram que ele estava abandonado, faminto, com sinais claros de negligência. “Ele sempre foge, mas é meu”, insistiu. Sem saber o que fazer, entregaram o cãozinho e voltaram para casa arrasados.
Mas o destino já tinha escrito outro final.
Na manhã seguinte, dia 24 de dezembro, o pai de Fernanda bateu à porta do quarto e disse: “Venham rápido, o cachorrinho voltou!” E lá estava ele: Punk, com apenas quatro meses, arranhando o portão, pedindo para entrar. Voltou sozinho. Voltou porque escolheu.
Naquele instante, eles souberam: Punk era da casa. Desde então, nunca mais saiu.

Hoje, ele é pura presença. Brincalhão, carinhoso, vive com um sorriso no rosto e uma bolinha na boca. Quando Fernanda a tempo demais no computador, ele a chama para brincar. E ela vai.
“Sou uma pessoa ansiosa, e o Punk me ajuda todos os dias a desacelerar. Ele me lembra que a vida está aqui, agora.”
Um dia, ele salvou a casa. Depois do almoço, como de costume, deitaram-se para descansar. Mas Punk não sossegava. Andava inquieto, tentando tirá-la da cama. Quando finalmente se levantou, entendeu o motivo: havia deixado uma a no fogo. Já subia fumaça!
Entre pequenas atitudes, o amor floresce. Punk tem manias encantadoras: senta no colo como uma criança, abre as perninhas e pede carinho nas costas, sempre sorrindo. Brinca de pega-pega com entusiasmo, corre empinado como um carrinho turbo. Carrega brinquedos pela casa e os deposita aos pés dos humanos com quem criou laços de confiança.

“Adotar um cachorro não é apenas oferecer um lar. É ganhar um amigo que transforma sua rotina e seu jeito de viver”, reflete Fernanda. “O Punk nos lembra todos os dias que o amor está nos detalhes, na presença, no carinho silencioso.”
Naquele Natal de 2017, ele foi, literalmente, o melhor presente.
Punk é mais um dos protagonistas da série “Meu Cachorro Tem História”, produzida em Jaraguá do Sul com apoio de tutores, ONGs e protetores independentes. Toda semana, trazemos aqui provas de que trás de cada adoção, há duas vidas que se reinventam: a do cão e a da pessoa que decide acolher.
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- Bigodes e Ronrons: doação via Pix – [email protected]. Saiba mais sobre a instituição pelo Instagram: @bigodeseronrons
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- Digia Deretti de Moura: @digiaprotetora
- Rutinha Protetora Pet: @rutinhaprotetorapet
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Max Pires
Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.