Cotidiano | 12/05/2025 | Atualizado em: 12/05/25 ás 17:18

Pedro Francisco: o cachorro de três patinhas que ensinou o que é amor de verdade

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Arquivo pessoal

Era mais um dia comum em 2018 quando Sandra Bononi Marques, então com 53 anos, bancária aposentada de Jaraguá do Sul, se deparou com uma matéria na internet que mudaria sua vida – e a de um cãozinho muito especial. O conteúdo trazia dados alarmantes sobre o abandono de animais, maus-tratos, e o preconceito contra cães pretos, idosos ou com deficiência. Foi ali que algo despertou. “Naquele momento, eu entendi que precisava fazer a diferença na vida de pelo menos um”, relembra.

Movida por esse sentimento, Sandra ou a procurar por um cãozinho que realmente precisasse de ajuda, que fosse invisível aos olhos da maioria. Foi assim que encontrou um vídeo da ONG Ajapra (Associação Jaraguaense Protetora dos Animais), onde uma das protetoras apresentava um vira-lata preto, com apenas três patas, calmo e gentil. E então não houve mais dúvida: era ele. “O olho brilhou. Eu sabia que ele era o meu.”

O resgate de Pedro Francisco

Pedro Francisco havia sido resgatado após um atropelamento, abandonado às margens da rua Pedro Francisco Freiberger, no bairro Três Rios do Sul. O resgate foi realizado através do Programa de Resgate de Animais Acidentados da Prefeitura de Jaraguá do Sul, à época ligado ao Setor de Zoonoses, atualmente sob responsabilidade da Fujama (Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente). Ele foi levado para atendimento emergencial na clínica veterinária Schweitzer, conveniada da Prefeitura, onde ou por tratamentos para diversos ferimentos e teve a perna amputada.

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A Ajapra entrou na vida do Pedro Francisco logo após a alta da clínica, oferecendo Lar Temporário para sua recuperação emocional e preparação para adoção. Mesmo com todo o trauma, Pedro demonstrava uma personalidade tranquila, obediente e sociável. Rapidamente conquistou a confiança nas pessoas e cativou os voluntários da ONG.

Um cãozinho preparado para o recomeço

A equipe cuidou para que ele vivesse com outros cães e gatos em ambiente harmonioso, promovendo vínculos de respeito e afeto. Mesmo com a limitação física, Pedro mostrava uma capacidade de adaptação inspiradora. “Os animais não têm preconceitos nem se abalam com as diversidades da vida. Eles apenas seguem em frente, mostrando que a vida é valiosa”, reforçou a equipe da Ajapra.

A adoção de Pedro Francisco foi tratada com cuidado. Sabendo que animais pretos e com deficiências costumam demorar mais a encontrar um lar, a ONG buscava uma família especial. A expectativa era de que ele se adaptasse bem a um apartamento, por ser pequeno, calmo e amigável. Quando Sandra demonstrou interesse, uma entrevista social foi feita por telefone, seguida de visita presencial para confirmar a estrutura e o perfil da família.

Uma família pronta para acolher

O encontro com a nova família foi marcado na área externa do prédio onde viviam. Pedro chegou quieto, um pouco desconfiado, mas com uma doçura visível. Foi apresentado a todos os membros da família humana e animal: o marido Antônio, os filhos André e Érica, e os peludos Pingo (na época com 11 anos), Mia e o gatinho Quéops.

A aceitação foi instantânea. Depois da apresentação tranquila, veio a formalização da adoção. A ONG fez o processo completo, avaliou a estrutura da casa e as condições da família, e só então oficializou a entrega com do termo de responsabilidade. “Na carteirinha de vacinação do Pedro, agora tinha nome e sobrenome. O nosso!”, relembra Sandra.

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Nos primeiros dias, Pedro Francisco observava mais do que interagia. Mas logo seu verdadeiro “eu” apareceu: brincalhão, amoroso, cheio de energia. “Três perninhas? Ele nem lembra disso! Parece que tem seis. Corre, pula e rola no Parkão da Via Verde!”

Hoje com aproximadamente nove anos, Pedro Francisco vive rodeado de amor. Sua matilha inclui o veterano Pingo, o novato Kid (um yorkshire mais novo e ousado) e a Brownie, também adotada. A casa ganhou ainda mais vida, mas com regras de convivência claras:  “Aqui, briga não entra. A gente educa com voz firme, carinho e reforço positivo. Nunca com violência”, explica a tutora.

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Pedro é mais que companhia. Ele é apoio emocional. “É um olhar que parece dizer: ‘eu tô com você’. E está. Sempre.”

Aventuras e desafios

Em viagens, Pedro também rendeu histórias. Na primeira ida a Balneário Camboriú, ou mal. Vomitou dez vezes no carro, conta Sandra. “Eu limpando tudo, tentando acalmá-lo… Foi puxado. Mas hoje damos risada, e agora temos um kit emergência só pra ele.”

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Mas talvez o maior impacto tenha sido na consciência da família. Sandra lembra que, anos atrás, cães eram mantidos do lado de fora, presos em correntes ou em canis. “Hoje me entristece lembrar disso. Mas Pedro foi o nosso despertar. Nos ensinou que cão é família e merece o melhor da gente”, conclui.

Acolhedor por natureza

A chegada da Brownie foi mais uma prova da bondade do cãozinho. A nova integrante, tímida e assustada, encontrou em Pedro o acolhimento que precisava. “Foi emocionante. Era como se ele dissesse: ‘eu sei o que você ou’. Ele virou um mestre em amor e empatia.”

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Pedro é muito mais que um cachorro. Ele é símbolo de superação, reencontro e amor consciente. E Sandra, que nunca imaginou viver uma transformação tão intensa a partir da adoção, faz questão de espalhar essa mensagem.

“Adotar é um ato de amor. Mas quem mais recebe amor é você. Que mais pessoas acordem para essa linda realidade. Não é só sobre salvar uma vida. É sobre se transformar junto com ela.”

Como isso impacta sua vida?

A história de Pedro Francisco mostra que, por trás de cada adoção, diversas vidas podem ser transformadas: a do cão e de todas as pessoas que fazem parte deste belo ato. Porque quando um animal encontra um lar, não é só ele que ganha uma nova chance, quem o acolhe a a enxergar o mundo com olhos mais gentis.

Essa é a primeira história da série “Meu Cachorro Tem História”, produzida em Jaraguá do Sul com apoio de tutores, ONGs e protetores independentes. Toda semana, você confere uma nova narrativa real que mostra como amor e acolhimento podem transformar o mundo — um cão por vez.

Ajude a Ajapra a continuar esse trabalho essencial. Você pode colaborar de várias formas:

  • Doações via PIX CNPJ: 07.532.982/0001-01 (conta oficial com auditoria e prestação de contas);
  • Doação de ração, fraldas, remédios e outros itens (confira as necessidades da instituição no Instagram);
  • Entrega de tampinhas plásticas;
  • Doação via conta de água pela SAMAE;
  • Voluntariado em eventos de adoção e no tradicional Pedágio Anual da Ajapra.

📲 Acompanhe e apoie em @ajapra_oficial para saber como contribuir com ações concretas por mais histórias felizes como a do Pedro Francisco.

Max Pires

Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.

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