Economia | 11/06/2025 | Atualizado em: 11/06/25 ás 13:44

Como uma enchente em 1880 mudou a trajetória de um homem e ajudou a criar uma das maiores empresas de SC

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enchente na Karsten

Foto: Arquivo

A história da Karsten é daquelas que parecem tiradas de um filme, mas que nasceram da realidade dura e das águas revoltas de uma enchente. Em 1880, uma grande cheia assolou a região de Blumenau, modificando para sempre o destino de um homem e, por consequência, o de uma das mais importantes empresas têxteis do Brasil.

Foi a partir desse evento que Johann Karsten decidiu transformar a adversidade em oportunidade. Dois anos depois, em 1882, ele fundaria a base do que viria a ser a Karsten.

Do Velho Mundo ao Vale do Itajaí

Johann Karsten nasceu na Alemanha em um período de grandes transformações sociais e econômicas. No século 19, a Europa vivia os efeitos da Revolução Industrial, que levou milhares de artesãos e pequenos produtores ao empobrecimento. Ao mesmo tempo, a unificação alemã e o crescimento das cidades trouxeram instabilidade e incertezas para muitas famílias.

Como tantos outros imigrantes, Karsten viu no Brasil uma oportunidade de recomeço. A região do Vale do Itajaí, colonizada por alemães desde meados do século, oferecia terras férteis, possibilidade de empreender e uma nova vida longe das dificuldades do continente europeu. Foi nesse contexto que ele desembarcou em Blumenau, determinado a construir seu próprio caminho.

Johann Karsten e família
Johann Karsten, esposa e filhos | Foto: Arquivo/Reprodução

Da tragédia à reconstrução visionária

A enchente de 1880 teve um impacto devastador para a colônia alemã instalada em Blumenau. Karsten, que já havia iniciado sua trajetória no novo país e focava em atividades agrícolas, viu-se diante da necessidade de reconstruir sua vida do zero. Em vez de recuar, ele decidiu empreender: uniu-se aos empresários Hadlich e Roeder e, juntos, fundaram a “Tecelagem Roeder, Karsten & Hadlich”.

O início foi modesto, mas inovador. Com apenas seis teares, 300 fusos e uma roda d’água movida pelo rio Testo, a pequena fábrica não só produzia tecidos como também gerava luz elétrica — um feito raro na época, que iluminava a vila antes mesmo da chegada da energia pública.

Tradição, adaptação e continuidade

Ao longo das décadas seguintes, a empresa ou por transformações e modernizações. Com a continuidade da gestão familiar, ela diversificou sua produção e fortaleceu sua presença no setor têxtil. Em 2022, quando completou 140 anos, a Karsten reativou sua antiga roda d’água e abriu parte de sua fábrica à visitação pública, um gesto simbólico que conecta o ado com o presente e reforça a herança deixada por Johann Karsten.

Resultados que impressionam: lucro recorde em 2024

Sob a liderança do novo CEO, Márcio Luiz Bertoldi, a Karsten colheu em 2024 os frutos de uma estratégia focada em inovação e valorização de pessoas. A companhia teve um crescimento de 37% no lucro líquido, chegando à marca de R$ 800 milhões. O programa de participação nos lucros (PLR) foi antecipado e teve recorde de ree, beneficiando cerca de 2,5 mil colaboradores — um feito relevante diante de um cenário ainda desafiador para o setor têxtil nacional.

Sede da Karsten
Foto: Karsten/Divulgação

Um legado moldado pela água, guiado pela visão

A enchente de 1880 poderia ter sido apenas uma tragédia na vida de Johann Karsten. Mas foi, na verdade, o ponto de virada que deu origem a uma das empresas mais tradicionais e resilientes do país.

A Karsten é prova de que da adversidade pode nascer a grandeza. Uma empresa que começou com uma roda d’água, iluminou uma vila inteira antes da chegada da energia elétrica pública e hoje representa um legado de superação, visão e coragem que segue inspirando há mais de 140 anos.

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