Jaraguá do Sul | 19/05/2025 | Atualizado em: 19/05/25 ás 17:47

Benício Luís: o cachorro que bateu na porta e nunca mais foi embora

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Foto: arquivo pessoal

A primeira vez que vi o Benício foi através de uma porta de vidro. Ele estava ali, parado… Um filhote caramelo, me olhando com uma expressão que se dividia: uma metade era curiosidade, a outra, “será que tem um lugarzinho pra mim por ali?”.

Achei que fosse de algum vizinho. Dei um pouquinho de comida, tirei algumas fotos, publiquei no Facebook avisando que havia um cachorro perdido por aqui, e fui dormir. No dia seguinte, ele ainda estava lá, como se aguardasse uma resposta.

Foto: arquivo pessoal

Benício não chegou com uma história conhecida. Moramos em uma área rural de Jaraguá do Sul que, na época, sem muros, onde infelizmente é comum que animais sejam abandonados. Ele estava magro, sujo, com cerca de dez bernes espalhados pelo corpo. Apesar do estado físico frágil, havia nele uma serenidade estranha para quem viera da rua.

O início de uma nova história

Minha esposa Érica, que na época morava em Lages, viu minha publicação e comentou: “Meu Deus, eu quero esse bebê pra mim, ele já é meu!”.

E foi assim que começamos a escrever essa nova história. Até podermos buscá-lo no veterinário após seu primeiro “spa-day” (ele precisava MUITO disso!), pedimos ao meu pai, que já tinha quatro cachorros, que o acolhesse temporariamente…

E foi na casa do vovô Fenisio onde Benício Luís encontrou seu primeiro lar e, também, um dos seus amores: até hoje, quando Beni vê meu pai, fica louco de amor… seu sorriso, seu rebolado e o rabinho se descontrolam imediatamente!

Foto: arquivo pessoal

Érica foi quem escolheu o nome: Benício Luís. Um nome que combina com a sua personalidade zen. Ele come devagar, saboreando cada pedaço, enquanto sua irmã Lagertha (que veio alguns anos depois…) devora tudo em segundos. É também um verdadeiro atleta felino: pula muros e sobe em lugares altos com uma certa facilidade, o que nos deixa de cabelo em pé com medo de ele se machucar.

Quando finalmente chegou ao apartamento da Érica, a adaptação foi uma comédia de erros: comeu o sofá, o rayban, destruiu chinelos (alguns deles…), fez um auê com tudo o que via pela frente na sua adolescência. Ao mesmo tempo, se revelou o cachorro mais amoroso e inteligente que já conhecemos. Sempre soube “falar com os olhos”. Tinha algo ali, naquela troca silenciosa, que definitivamente não precisava de palavras.

O fatídico dia do sofá destruído e a carinha de “culpado”. | Foto: arquivo pessoal

Uma família construída com afeto e patas

Com o tempo, nossa matilha cresceu. Depois do Benício, adotamos mais dois cachorros de rua (ok, foram eles que nos adotaram) e uma de ONG. Hoje vivemos, além do Beni, também com Lagertha, Sofia, Tobias e a gata Tutmés, uma senhora de quase 13 anos que escala o muro altíssimo da nossa casa como quem ignora a própria idade. Vivemos em um pequeno zoológico caseiro, barulhento e cheio de amor.

Com a irmã Lagertha ainda filhote. | Foto: arquivo pessoal

Benício não gosta muito de crianças e de homens. Acreditamos que tenha sofrido maus-tratos, mas com outros animais ele se dá super bem. Todos na casa cuidam dele. Aqui, nenhum dos nossos bichos é preso. Eles são donos do espaço, e a gente é quem se adapta. A educação é feita com muita repetição e carinho, jamais com violência: aqui, as palmadas não têm espaço.

Foto: arquivo pessoal

Nossa vida mudou completamente. Não temos filhos, mas nos tornamos pais de pet, com tudo o que isso significa. Nossas viagens são pensadas para que eles possam ir junto, pelo menos aquelas em que é possível, e quando não é, sempre temos auxílio da família pra que se sintam bem mesmo na nossa ausência. Eu trabalho em casa, e eles estão sempre comigo. São companhia, rotina, conforto.

Não é exagero dizer que Benício me ajudou nos momentos mais difíceis. Parece que eles sabem quando você está triste. Eles mudam, vêm te abraçar, e puxar a energia ruim pra eles. Isso não se explica: se sente.

Um caramelo que ensinou a amar sem medidas

Foto: arquivo pessoal

Antes de Benício, tive vários gatos. Sempre amei bichos, mas foi com ele que descobri esse amor visceral que o cachorro tem por nós. Uma relação diferente, mais apegada. Ele me escolheu. Ele me adotou.

Hoje, sou engajado na causa animal por causa do amor que recebi dele. Esta série de matérias, inclusive, nasceu por causa do Benício. Pensei muito se deveria colocá-lo como personagem, mas seria injusto não dar protagonismo para ele – até porque se não fosse o Benício, essa série nem existiria.

Se permita sentir um amor gratuito e genuíno. Aquele ditado de que o cachorro é o melhor amigo do homem não foi feito à toa. Mude uma vida e deixe a sua mudar também. Esta é a minha sugestão para você!

A série “Meu Cachorro Tem História” é produzida em Jaraguá do Sul com apoio de tutores, ONGs e protetores independentes. Toda semana, trazemos aqui provas de que trás de cada adoção, há duas vidas que se reinventam: a do cão e a da pessoa que decide acolher.

Ajude as ONGs de proteção animal a continuarem esse trabalho essencial em Jaraguá do Sul e região. Você pode colaborar de várias formas:

  • Ajapra (Associação Jaraguaense Protetora dos Animais): doações via Pix – CNPJ: 07.532.982/0001-01, doação de ração, fraldas, remédios e outros itens (confira as necessidades da ONG no Instagram: @ajapra_oficial);
  • Gang dos Patinhas: doação via Pix – [email protected]. Saiba mais sobre a instituição pelo Instagram: @gangdospatinhas
  • Focinhos Carentes: entre em contato e saiba mais pelo Instagram: @focinhoscarentes_poreles

Conhece mais alguma ONG da região? Escreva para [email protected] e compartilhe conosco mais projetos incríveis dedicados à proteção e acolhimento de animais.

Max Pires

Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.

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