Segurança | 09/05/2025 | Atualizado em: 09/05/25 ás 14:36

Avanço da violência doméstica em Jaraguá do Sul: vereadores fazem alerta e pedem ação urgente da sociedade

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Foto: Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul/Divulgação

A sessão desta quinta-feira (8) na Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul foi marcada por um forte pronunciamento do vereador Delegado Mioto (União), que também atua como procurador adjunto da Procuradoria da Mulher.

Com base em sua experiência de mais de 15 anos na Polícia Civil, o parlamentar trouxe um alerta urgente sobre o avanço silencioso e alarmante da violência doméstica na cidade. O discurso, carregado de relatos reais e dados recentes, apontou não apenas a gravidade das agressões físicas, mas também os sinais muitas vezes ignorados que antecedem essas situações extremas.

Casos de violência aumentam e revelam brutalidade nas motivações

Durante sua fala na tribuna, Delegado Mioto expôs um dado estarrecedor: em apenas dois plantões de trabalho, atendeu quatro casos graves de violência doméstica. Todas as vítimas apresentavam ferimentos visíveis e profundos. Em dois desses episódios, os agressores alegaram que espancaram suas companheiras por se sentirem ofendidos com o que elas disseram.

“É inissível que uma fala gere uma resposta tão brutal. Vi mulheres chegarem à delegacia com cortes profundos no rosto, membros enfaixados, hematomas. Não há justificativa para tamanha violência”, declarou o vereador.

A violência começa de forma silenciosa: sinais verbais e emocionais são os primeiros alertas

Segundo Mioto, os episódios de agressão física representam o ápice de uma escalada que começa de maneira sutil: elevação de tom de voz, insultos, humilhações e atitudes de menosprezo. Muitas mulheres, ainda conforme o vereador, acabam não identificando esses primeiros sinais ou optam por ignorá-los, seja por medo, dependência financeira ou para proteger os filhos.

“A agressão física é o fim de uma escalada que começa com sinais verbais e emocionais”, pontuou.

Impacto direto sobre as crianças e o ciclo geracional da violência

O parlamentar também chamou a atenção para o impacto devastador que esse ambiente tem sobre as crianças. Ele relatou que muitas crescem em lares onde o pai, apesar de carinhoso com os filhos, age de forma violenta com a mãe — o que pode confundir e normalizar comportamentos abusivos.

“A criança cresce achando que aquilo é parte de uma relação normal. E esse ciclo pode se repetir, com o filho se tornando um agressor no futuro.”

Prender o agressor não basta: é preciso agir antes

Embora a prisão de agressores seja necessária, Mioto defende que a verdadeira conquista acontece quando se consegue interromper o ciclo da violência antes que ele se concretize em agressão física.

“Não há mérito em prender um homem quando a mulher já está devastada. A vitória real é intervir a tempo, proteger física e emocionalmente essa mulher.”

Rede de apoio em Jaraguá do Sul está ativa e ível

Encerrando seu discurso, Mioto fez um apelo às mulheres de Jaraguá do Sul e região para que não se calem diante das agressões, ainda que verbais ou emocionais. Ele reforçou que a Procuradoria da Mulher da Câmara Municipal está preparada para acolher e encaminhar cada caso com seriedade, contando com uma equipe composta também pelas vereadoras Professora Natália Lúcia Petry (MDB) e Sirley Schappo (Novo), além do apoio da Polícia Civil, Polícia Militar, Ministério Público e Poder Judiciário.

“Se você está ando por gritos, xingamentos, humilhações, se está sendo empurrada ou sente medo dentro da sua própria casa, não espere pelo pior. Procure ajuda.”


Números revelam urgência: feminicídio e espancamentos em apenas cinco dias

A vereadora Sirley Schappo, também integrante da Procuradoria da Mulher, reforçou a gravidade da situação. Segundo ela, apenas nos cinco dias que antecederam a sessão, foi registrado um caso de feminicídio e outros nove de espancamento de mulheres em Jaraguá do Sul.

“E tantas outras foram espancadas e nem sequer fizeram boletim de ocorrência”, lamentou.

Mulheres estão se rebelando, mas ainda enfrentam resistência violenta

Sirley destacou uma transformação de comportamento nas mulheres, que hoje têm buscado ajuda e aprendido a dizer “não”. No entanto, ela alertou que muitos homens têm reagido com violência a essa autonomia feminina.

“Por às vezes se posicionar e dizer uma coisa num tom mais forte, o homem já acha que aquela mulher merece apanhar por causa disso?”

Foto: Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul/Divulgação

Campanha de mobilização de homens ainda é pouco conhecida

A parlamentar também relembrou seu projeto que criou a Semana de Mobilização dos Homens pelo Combate à Violência Contra a Mulher no município — uma medida alinhada à legislação federal, mas que, segundo ela, ainda é pouco conhecida pela população.

“Pouca gente sabia dessa lei. Infelizmente, a adesão é muito baixa se comparada a campanhas como o Outubro Rosa.”

Dados de Santa Catarina refletem cenário preocupante

Sirley apresentou números que escancaram a gravidade da violência contra a mulher no estado: 51 feminicídios em Santa Catarina em 2023, e 11 casos registrados apenas até março de 2024. No Brasil, quatro mulheres são assassinadas por dia — uma a cada seis horas.

Mesmo com a gravidade dos dados, a vereadora afirmou não acreditar em uma mudança imediata de comportamento da atual geração masculina, mas deposita esperança nas próximas gerações:

“Punição para quem não tem mais jeito e educação para as futuras gerações.”

Como isso impacta sua vida?

Se você mora em Jaraguá do Sul, é essencial entender que a violência doméstica pode estar acontecendo ao lado — com uma amiga, vizinha ou até mesmo dentro da sua casa. Reconhecer os sinais, acolher quem sofre e incentivar a denúncia são atitudes que salvam vidas. A rede de apoio da cidade está ativa e pronta para agir, mas precisa do olhar atento e da solidariedade de toda a comunidade para romper esse ciclo de violência.

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