Cotidiano | 27/05/2025 | Atualizado em: 27/05/25 ás 17:41

Abdon Batista: o médico que atendia sem cobrar pela consulta e trouxe para Jaraguá do Sul uma ponte que iria para a África

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Foto: Arquivo

Em uma época em que a medicina ainda engatinhava em muitos recantos do país, Abdon Baptista já deixava marcas profundas por onde ava. Médico por formação e por vocação, ele percorreu cidades e distritos do Norte catarinense, incluindo Jaraguá do Sul, oferecendo consultas sem cobrar um centavo.

Nascido em Salvador, na Bahia, no dia 30 de julho de 1851, Abdon chegou a São Francisco do Sul em 1880. Era médico, formado e vocacionado. Por oito anos, atendeu na cidade portuária antes de se mudar para ville, que seria seu grande palco de atuação.

Sua clientela, no entanto, ia muito além: incluía famílias das localidades de Jaraguá, Bananal, Hansa-Humboldt e região do Rio Itapocu. Atendia quem precisasse. E nunca cobrava pelas consultas. Quando necessário, tirava do próprio bolso para custear medicamentos aos mais pobres.

De médico a político: o salto para a vida pública

Ainda jovem, Abdon já se envolvia com o debate público. Em São Francisco, fundou o jornal O Democrata, ligado ao Partido Liberal.

Depois, sua atuação política se multiplicou: foi juiz de paz, vereador, presidente da Câmara, superintendente municipal (equivalente a prefeito), deputado provincial e estadual, presidente da Assembleia Legislativa, vice-presidente da Província e, por três vezes, senador da República. Também chegou a exercer o cargo de governador interino de Santa Catarina.

Sua reputação de homem íntegro, de fala firme e ações resolutas, rendeu-lhe respeito dentro e fora do Estado. Durante a Revolução Federalista de 1893, liderou tropas e tratativas políticas mesmo em meio à violência e à instabilidade. Mesmo em tempos de guerra, mantinha o espírito conciliador e o desejo de garantir dignidade e direitos, inclusive para os adversários.

Um legado para Jaraguá do Sul: a ponte que iria para a África do Sul

A história de Jaraguá do Sul é atravessada, literalmente, por uma ponte que carrega o nome de Abdon Baptista. Mais do que uma estrutura física, a Ponte Abdon Batista simboliza o espírito visionário e a dedicação do médico baiano à região.

Em 1913, uma série de eventos fortuitos e a perspicácia de Abdon resultaram na construção da primeira ponte metálica sobre o Rio Itapocu. A estrutura, originalmente destinada à África do Sul, foi descarregada por engano em Florianópolis.

Ao tomar conhecimento do ocorrido, Abdon Baptista, então deputado estadual, viu ali uma oportunidade de atender à necessidade urgente da comunidade de Jaraguá do Sul, que desde a destruição da ponte de madeira pela enchente de 1911, dependia de balsas para atravessar o rio.

Graças à sua intervenção, a ponte foi instalada entre as atuais ruas Hugo Braun e Max Wilhelm, facilitando o escoamento da produção agrícola e impulsionando o desenvolvimento local.

A ponte metálica, com piso de madeira e cobertura de zinco adicionada em 1925, serviu a população por mais de cinco décadas. Com o crescimento industrial da cidade, tornou-se necessário substituir a estrutura. Em 1965, foi inaugurada a nova ponte de concreto, que permanece em uso até hoje. Da antiga construção, restou apenas um pilar de pedra no leito do Rio Itapocu, tombado como Patrimônio Histórico Cultural do município em 2012.

O legado de Abdon Baptista vai além da medicina e da política; está enraizado na infraestrutura que permitiu a Jaraguá do Sul crescer e prosperar. A ponte que leva seu nome é um testemunho duradouro de sua visão e compromisso com o bem-estar da comunidade.

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