Cotidiano | 08/06/2025 | Atualizado em: 09/06/25 ás 13:27

A história de Francisco, pai solo que adotou 5 crianças em SC e impediu a separação dos irmãos

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Francisco Koch com seus cinco filhos adotivos reunidos ao ar livre em Santa Catarina

Foto: Arquivo pessoal/Francisco Luis Koch

Francisco Luis Koch, empresário de 48 anos, decidiu construir uma família de um jeito pouco convencional: pela adoção. Pai solo, ele acolheu cinco crianças em diferentes momentos da vida, transformando um desejo pessoal em uma missão de amor. A história dele, que começou com dois filhos em 2012 e se completou com três irmãos em 2019, é uma prova de que o afeto pode ser mais forte do que qualquer desafio. Mesmo diante de obstáculos sociais, financeiros e emocionais, Francisco optou por não esperar o cenário perfeito para fazer o que seu coração já havia decidido: amar e acolher.

“Sem esperar uma circunstância perfeita”

O primeiro o foi dado em 2011, quando Francisco entrou na fila de adoção. Sem impor restrições de idade, gênero ou condição de saúde, ele recebeu a guarda de Cristiano e Cristiny, então com 14 e 9 anos, em junho de 2012. Solteiro, gay e decidido, ele sabia que queria ser pai desde jovem e encontrou na adoção a forma mais justa de realizar esse sonho.

A chegada das primeiras crianças transformou sua rotina e sua visão de mundo. Francisco ou a entender na prática o que significa educar, acolher e dividir a vida com filhos adolescentes. Mesmo com os ajustes naturais da nova realidade, ele nunca duvidou de sua escolha.

Sete anos depois, em 2019, o destino o apresentou a Mayra, uma menina de 8 anos que vivia em um abrigo. Durante a visita, descobriu que ela tinha dois irmãos: Andriw e Iago. A decisão foi imediata. Francisco não queria que os três fossem separados. Mesmo com dificuldades financeiras, optou por adotar o trio.

“Quando fui almoçar depois da visita, já sabia: não iria separá-los. Mesmo que isso significasse apertar ainda mais o orçamento.”

Família fora dos padrões

Francisco nasceu em Curitiba (PR), mas vive em São José, na Grande Florianópolis. Para ele, a adoção sempre foi sobre construir laços reais. Ele defende que a idade nunca foi um fator determinante, e sim o vínculo. A relação entre eles se fortaleceu com o tempo, nas pequenas conquistas do dia a dia e nos desafios compartilhados.

“Foi a experiência mais transformadora da minha vida. O amor não precisa de tempo, precisa de abertura.”

Hoje, os cinco filhos têm entre 12 e 25 anos. A família, que foge dos padrões tradicionais, é marcada por afeto, desafios e uma rotina intensa. Francisco reconhece que enfrentou preconceito por ser gay e adotar crianças mais velhas, mas também encontrou apoio em amigos, profissionais da Justiça e pessoas que se inspiraram em sua coragem.

O cotidiano da casa é movido por amor, mas também por organização e resiliência. Francisco aprendeu a conciliar trabalho, estudos dos filhos e tarefas domésticas com momentos de lazer e afeto. Em vez de esperar por um relacionamento ideal ou uma condição financeira perfeita, ele decidiu agir com base no que podia oferecer: presença, escuta e acolhimento.

Francisco Koch com seus cinco filhos adotivos reunidos ao ar livre em Santa Catarina

A realidade da adoção no Brasil

Segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), mais de 33 mil crianças e adolescentes vivem hoje em abrigos no Brasil. Dessas, muitas são mais velhas ou fazem parte de grupos de irmãos, o que torna a adoção ainda mais desafiadora. Apesar de haver mais de 36 mil pretendentes cadastrados, a maioria ainda prefere crianças pequenas.

Francisco se tornou defensor da adoção tardia e da preservação dos laços entre irmãos. Ele acredita que os adultos é que devem estar prontos para acolher, e não as crianças que precisam se encaixar em modelos idealizados.

Como isso impacta sua vida?

A história de Francisco mostra que família é o que se constrói com afeto, presença e coragem. Em um país onde muitas crianças ainda aguardam por um lar, exemplos como o dele inspiram e desafiam estigmas. E, acima de tudo, lembram que o amor, muitas vezes, é um ato de decisão — mesmo que contrarie a lógica, o bolso ou o senso comum.

Max Pires

Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.

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